Friday, September 16, 2005
A união com Brahma
Tendo dois brahmanes perguntado a Siddhartha qual o verdadeiro caminho para chegar à união com Brahma, respondeu o Buda:
- Qualquer dentre os brahmanes versados no estudo dos Vedas já viu Brahma face a face?
- Não, responderam os dois brahmanes.
- Mas algum mestre versado no estudo dos Vedas, ou qualquer dos autores dos Vedas, já viu Brahma face a face?
- Não, responderam os brahmanes novamente.
- Então, acaso deveriam dizer os brahmanes: “Indicamos o caminho para chegar à união com aquilo que não conhecemos, que nunca vimos?” Se tal é a substância da tradição dos brahmanes, bem vã é a sua missão. É exatamente como uma fila de cegos agarrados uns aos outros: o primeiro não vê, o do meio não vê, os últimos não podem ver.
Imaginai agora que um homem chega à margem deste rio e quer atravessá-lo. Julgais que se ele rogasse à outra margem que se aproximasse dele, ela, com efeito, viria por virtude de suas orações? É isso, no entanto, o que fazem os brahmanes. Negligenciam na prática das qualidades que realmente fazem um brahmane e dizem: “Indra, nós te imploramos; Varuna, nós te imploramos; Brahma, nós te imploramos!” Mas não é possível que só por força dessas invocações, possam eles jamais chegar à união com Brahma.
Mas, se um homem penetra sucessivamente os quatro quartéis do mundo com pensamentos de amor; se ele enche o mundo de pensamentos de um amor crescente, incessante e sem medida; se, como a trombeta que se faz ouvir facilmente em todas as direções, não deixa esquecido ente algum no mundo, que tenha forma e vida, e a todos envolve em sentimentos de amor, de piedade, de simpatia e de serenidade crescente, incessante e sem medida, então, na verdade, esse homem conhecerá o caminho que leva à união com Brahma.
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